NRF 2017 destaca Marcas com Alma 6d3r2

Um dos assuntos principais da recém encerrada 106a edição do Retail Big Show, promovido em Nova Iorque pela National Retail Federation, foi sem dúvida o importante papel das marcas no varejo.

 

No ado, as marcas eram utilizadas principalmente para sinalizar qualidade. Os slogans comprovavam a tese: ‘Knorr é melhor’; ‘Se é Bayer, é bom’; ‘Volkswagen, você conhece, você confia’. No entanto, de um tempo para cá as coisas começaram a mudar. Se no ado o sabão em pó OMO tinha como principal objetivo convencer as donas de casa de que lavava mais branco (porque tinha o ‘azul polar brilhante’), hoje OMO habita o universo do brincar, estimulando as crianças a se sujarem à vontade, que depois o sabão em pó dá um jeito nas roupas. O slogan ou a ser ‘porque se sujar faz bem’. Em outras palavras, o PROPÓSITO ganhou protagonismo, tornando-se mais importante do que o atributo funcional.

 

Por que isso acontece? Em um mundo onde o que não falta é alternativa para o consumidor e igualar a performance do concorrente não é tarefa das mais difíceis, as pessoas estão gradualmente preferindo marcas nas quais confiam, que iram e com as quais se identificam. É aí que entra a questão do propósito: quanto maior for a identificação com os valores e propostas da marca, mais intensa será a conexão emocional entre quem compra e quem vende.

 

Não foi a toa que na NRF deste ano houve um verdadeiro desfile de propósitos, em diversas apresentações. A Cabela’s, uma loja que vende artigos de caça, pesca e camping, se propõe a ‘inspirar e reforçar os laços entre você e a vida ao ar livre’. A IKEA, rede de móveis e objetos de decoração, pretende ‘criar uma vida cotidiana melhor para muitas pessoas’. O propósito da SONOS, loja da marca de aparelhos sonoros, é ‘preencher cada casa com música’.  A lista é interminável e mostra o quanto hoje propósito é um elemento decisivo para o direcionamento da estratégia das empresas varejistas.

 

Se o trabalho das marcas começa pelo propósito, não se limita a ele, claro. Um estudo apresentado na NRF pela Kurt Salmon mostrou quais são as três principais características que geram devoção a uma marca por parte do consumidor: eles buscam marcas autênticas, que tenham com eles uma relação pessoal e que ajudem a construir a noção de tribo. Vamos dar uma olhada mais atenta a cada uma dessas características?

 

 

Isso significa que o propósito deve materializar-se por meio de experiências autênticas, capazes de construir relacionamento e tribos.

Por fim, devo confessar que, ao final deste Retail Big Show 2017, fiquei com a sensação de que há algo realmente curioso em curso. Por que, se de um lado as marcas insistem em falar de globalização, de outro ganha força a ideia da ‘glocalização’ (mistura de conceito global com identidade local). Ao mesmo tempo em que as empresas lutam para ganhar escala, de outro o consumidor encanta-se com a customização de produtos e serviços. Quando o povo de tecnologia parece ter conseguido finalmente viabilizar robôs e implantar soluções de realidade aumentada e virtual nas lojas, os clientes am a demandar mais relacionamento interpessoal. A luta pela lucratividade dos negócios coexiste com um estímulo do consumidor para que as marcas invistam em ações de generosidade. Em resumo, forças aparentemente antagônicas estão convergindo, orientadas por propósito.

 

A complexidade deste cenário vai exigir, sem dúvida, ciência e habilidade por parte do varejista. Resta pouca dúvida, no entanto, de que terão mais sucesso no futuro marcas generosas, comandadas por líderes altruístas. Quem viver, verá.

 

 

 

 

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