Por Marcos Gouvêa de Souza*
Neste artigo continuamos com a análise dos aspectos que devem pautar o período que estamos vivendo, que caracterizamos como o de retomada nos conceitos mais amplos que envolvem o cenário macro-econômico e o comportamento de consumo.
No artigo anterior, destacamos os cinco primeiros aspectos envolvendo: 1-Consumidor-cidadão mais empoderado do que nunca; 2-Consolidação de Mercado; 3-Aumento transitório da informalidade; 4-Pressão sobre a rentabilidade; e 5-Exacerbação da Competitividade.
Eis os que complementam essa lista:
- Redimensionamento do Retail Real Estate. É resultado de uma conjugação de fatores que envolve a revisão feita com respeito aos espaços necessários para as lojas, especialmente devido ao aumento de participação do e-commerce, e, ao mesmo tempo, uma profunda revisão quais áreas geográficas serão mais ou menos afetados pelo redesenho geral de mercado nesse período de retomada. O que é inegável é que regiões que foram anteriormente descobertas ou redescobertas, poderão agora perder importância e potencial na reconfiguração de fatores que irão impactar o consumo. Ao mesmo tempo, vive-se no mercado mundial, com impactos também no Brasil, um processo interessante de repensar do tamanho das lojas, pelas possibilidades e perspectivas geradas pelo omni-varejo;
- O consumidor-cidadão que trabalha para nós. Não é possível falarmos das abrangentes mudanças que envolvem o empoderamento do consumidor-cidadão no mercado como um todo, e ignorarmos que os funcionários e colaboradores que trabalham em nossas organizações estão também mudados em suas ambições, desejos, atitudes, conexões e referências. E isso exige mudanças importantes nas formas como recrutamos, selecionamos, integramos e gerenciamos esses funcionários, trazendo novos e relevantes desafios para as empresas de forma geral, em particular no varejo, pela relevância da interação deles como os consumidores;
- Revisão e racionalização de estoques. O processo mais dramático de ajustes de estoques ao novo cenário de mercado com menores índices de crescimento, neste momento, já foi feito e implementado pelas empresas. Quem não o fez ainda tem tempo e emergência em fazê-lo. O que é inegável é que o custo financeiro atual e futuro não condiz com níveis de estoques diferentes do ótimo, especialmente por conta das alternativas possíveis de combinação de vendas online e off-line, que podem contribuir para um oferta mais ajustada às demandas no tempo e no espaço. Impõem-se novos modelos de análise e otimização de estoques tanto nas operações analógicas como nas digitais dentro de uma nova realidade onde se mesclam ameaças e oportunidades;
- Mais serviços para diferenciar e rentabilizar. É um caminho sem volta e que se acelera, especialmente por conta de momentos como os atuais onde a pressão sobre a rentabilidade cresce e gera novos desafios. O caminho do varejo do futuro, tanto quanto para os fornecedores de bens de consumo, a pelo aumento de participação dos serviços no conjunto dos dispêndios familiares e, consequentemente, na atividade econômica como um todo. Como o varejo irá repensar estrategicamente seus negócios para incorporar serviços no conjunto de sua oferta é um exercício cada vez mais estrategicamente importante para as empresas e no momento da retomada deve ter prioridade na visão estratégica dos negócios;
- Reposicionamento promocional. É tempo de um profundo, amplo e abrangente reposicionamento da atividade promocional no varejo de produtos e serviços. Depois de ter se acautelado durante o período mais agudo da crise, está na hora do varejo retomar sua agressividade e criatividade na geração de uma motivação adicional para os consumidores voltarem a consumir;
- Muito mais segmentação. Os períodos ados pediam maior cautela nos processos de segmentação em busca da maior racionalização possível. Vencida essa etapa de contração, será um tempo de retomar a visão estratégica de buscar alternativas de formatos, canais, propostas e marcas que possam gerar diferenciação e identidade com segmentos específicos de consumo emergentes;
- Sustentabilidade ainda que tardia. Da mesma forma como aconteceu nos Estados Unidos, durante o período da crise financeira que aconteceu por lá, as preocupações e ações envolvendo sustentabilidade perderam protagonismo. O foco foi cuidar do essencial como era percebido naquele momento. ada a crise, o tema voltou com força total, até porque não podem ser ignorados os desafios que envolvem o tema. O mesmo acontecerá no Brasil. Houve uma natural retração sobre a importância na agenda do tema e agora deverá retomar com força ainda maior a preocupação com a prestação de contas das empresas e conceitos com tudo que envolva a sustentabilidade, porém, agora, reconfigurada na visão dos 3 Ps: Profit, People e Planet, que tornam o tema ainda mais aderente com as principais estratégias das organizações.
NOTA. A análise dos elementos emergentes desse período de retomada faz parte das avaliação das perspectivas de mercado que estarão sendo realizadas pelas equipes das empresas do Grupo GS& – Gouvêa de Souza, ao longo das próximas semanas, em eventos a serem realizados nas principais cidades brasileiras.
e aqui a primeira parte deste artigo.
*Marcos Gouvêa de Souza ([email protected]) é diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza. Siga-o no Twitter: @marcosgouveaGS